dimensões

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domingo, 26 de junho de 2011

ESSÊNCIAS E SAUDADES 24/06/11



É o verso
Que te arranca
Da minha lembrança
E te materializa...
A palavra.

Te encontro aqui
Nesta forma alfabética...
O poema.
Preferia as tuas formas geométricas
Retas, curvas, círculos...
Seios.

Estais entre o verso
E a vida...
Entre a vida que se vai
E o verso que te prende
Que te tira da lembrança
E te materializa... palavra.

Talvez seja hora
De te libertar
Deste verso corrente
Para que possas assumir
A forma que te cabe
A forma abstrata
Das essências
           E das saudades.         

CLASSIFICADOS 11/06/11


                                        
Preciso de qualquer
Silaba...
Som...
Ou silêncio.

Preciso de qualquer
Palavra...
Paz...
Paixão...
Ou pólvora.

Preciso de algo certeiro
Como poemas...
Pedras...
Ou olhar.

Preciso de algo inútil
Como filósofos...
Poetas...
Ou sonhos.

Preciso ser preciso.
Preciso não precisar.

                                                                   

FELIZ 15/05/11

A felicidade
É como o rio de Heráclito.
Onde não dá
Para se banhar duas vezes
Nas mesmas águas.
Pois como o rio
A felicidade sempre flui
Sempre vem
Sempre vai.

Há quem tente
Controlar o rio
Mudar seu curso
Reter seu fluxo.
Mas aí o rio
Deixa de ser rio
Passa a ser outra coisa
Barragem... açude.

Por isso
É melhor ser triste
Do que ter a felicidade
Retida... controlada.

Alguém triste
É como uma casa
Sem flores
Sem rosas
Vazia... suja.

Alguém feliz
Pela metade
É como uma casa
Enfeitada por flores
Mortas...
Feias...
Murchas...

domingo, 19 de junho de 2011

BELEZA 20/06/11


Assim como os pássaros
Que são mais belos no céu
Do que na gaiola.
Poemas só são belos
Por estarem libertos
Dos poetas...

Presos nos poetas
Os poemas são feios...
Não são poemas
São saudades...
Dores...
Lamentos...
Desejos...

Só quando libertos
Eles podem voar
Com asas de palavras
Asas... Asas!!!  
Que também
Libertaram a borboleta
Da sua feia condição de lagarta.

VÔMITO 20/06/11

Eu senti...
O poema que surgia
No fundo do meu estômago
Feito náusea.

Eu vi...
O poema que saía
Da minha boca
Feito vômito.

Violento...
Dolorido...
O inverso da digestão...

O poema surge
Quando o poeta
Não consegue
Digerir o mundo. 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

ARQUITETO 24/02/08



O homem já fez tantas coisas
Fez coisas bonitas e coisas feias
Fez coisas que voam, lá em cima
Fez coisas que caem (bomba em Hiroshima)

O homem faz contas
E conta histórias
De guerras santas
De paixões malditas.

Quando ama, o homem faz poema
Nem todos, teve o tal do Menelau
Que fez uma guerra pra sua Helena.

O homem fez muitas coisas
E há muitas coisas que ainda não fiz
Voar...
Tentar...
Esperar...
Ser...
Fazer...
Você...
Feliz...
                                                                       

sábado, 11 de junho de 2011

A INVENSÃO DO AMOR 2008



E eu sigo escrevendo
Escrevo pra ti minha querida...
Não é verdade, na verdade escrevo pra mim
Neste jogo de palavras de azar e sorte.
Sigo escrevendo
Em um movimento inútil
Tentando iludir a vida
E tentando enganar a morte.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

ANDAR 10/06/11

És como uma pegada
Ou um aroma
Algo que não estar
Mas permanece
De alguma forma
De outra forma.

És como um poema
Algo que revela
Que falta alguma coisa.

Na verdade
És como uma cicatriz
De um corte profundo
E mortal...
Que ao mesmo tempo
Que recorda a dor imensa
Faz lembrar que a vida segue
E o movimento não é escolha...

ALGO, ALGUM, ALGUÉM... 10/06/11


Sim...
Nos demos
Dissemos
Calamos.
Não sei
Se foi bom
Ou ruim.
Apenas foi...

E ter sido
É o que me dar
Mais prazer
E mais pesar...
Pois era para
Permanecer
Era para estar.
Mas foi...

Mas se foi
Por que estar?
Mas não é
O que foi
Que permanece.

É o que não foi
Que me faz
Ainda esperar
O que nunca vem.  

SÓ A GENTE SABE 31/05/11

E você continua...
Tão distante e tão aqui.
És onipresente
Em mim...

Por dentro
E por fora
Antes...
Depois...
Agora...

E esse é o nosso amor...
De palavras e distâncias
De silêncios e desejos.
E tudo que eu te peço
É uma lembrança
E tudo que me deixas
É uma saudade.

E assim sou feliz
Desse jeito...
Que ninguém entende
E só a gente sabe.

ESTRELA SOLITÁRIA 28/05/11

Um homem só
É um poeta em potencial.
Por isso os poetas tem que ser Sóis
Pois não cabem em nenhum
Lugar deste mundo...
Mundo de necessidades
Descartáveis...
A nova Pangeia
De fibra ótica.

Não tem jeito
Nós poetas não cabemos
No mundo.
Por isso somos Sóis...

Brilhando além do céu.

A NOVA FELICIDADE 28/05/11

 
 A felicidade
De uns tempos
Para cá
Ficou muito complicada.
É preciso ter
Tantas coisas...
É preciso ser
Tantas coisas...
É preciso amar
Tantas coisas...

Em pensar
Que houve um tempo
Que para ser feliz
Bastava um dia de sol
E o pé no chão.

Talvez nesse tempo
Fossemos mais felizes
Porque a felicidade
Tinha a ver
Com pessoas
E sorrisos
E não com coisas.

domingo, 5 de junho de 2011

PALAVRA VIVA 23/05/11


Sempre chego atrasado
Mas não é por preguiça
Ou falta de compromisso
É porque vivo em outro tempo.
Não vivo no tempo dos homens
Vivo no tempo das palavras.

E para as palavras
O tempo não existe
A própria eternidade
Não passa de uma palavra.

Olhos e cérebros secarão
E o crânio ficará oco
Mas a palavra permanecerá
Sementes de novas ideias.