dimensões

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terça-feira, 12 de novembro de 2013

SUSSURRO DE SARTRE 05/11/2013


Dormir eu já não quero
Querer eu já não posso 
Então me ponho a pensar: 
Como o Sol a si pôr 
Sei que o que virá
Será escuridão...

Então fico em paz 
Na posse de uma certeza.
Silenciosa certeza sem força 
A de que tudo 
Foi em vão...

E a vida não passou 
De um suceder de acasos 
Sem forma... Ou finalidade.
A vida não passou
    De solidão.      

PERDAS 07/11/2013


E o velho guardou
Todos os seus brinquedos 
De criança...
Mas a infância!
Essa ele perdeu há muito tempo.

Pode-se até guardar
Uma vela para sempre...
Mas a chama tem que acender
Tem que aquecer 
Iluminar 
E se apagar. 
    

MOVIMENTOS 11/11/13


Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!
Existir
Não existir...
Existir
Não existir... Não!

Eis todo o movimento
Do Universo... 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O DELÍRIO DO VINHO


… E se a taça se quebrasse
E o vinho se derramasse em cascata
Pelos os corpos desnudos...

… E se a sede não passasse
E a embriaguez continuasse
Por toda a vida
E se por fim a chamássemos amor...

… Agora já não precisariamos mais de taça
O vinho seria bebido no corpo
Vinho e corpo
Sangue e sonho...

… Tudo cabe no mesmo desejo
Na mesma taça que é o corpo.
Vinho, virtude e vício
Misturados no mesmo amor.

… Então façamos um brinde ao delírio
Que sempre acompanha 
Os loucos, os amantes e o vinho.



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

DEPOIS DE TUDO 01/11/2013


O que se faz em dez anos?
O que nos tornamos em dez anos?
Somos outros... Ou ainda somos?
Andei por aí... Vivi algumas dores
Mudei, moldei meu próprio caminho
Amei por aí... Chorei alguns amores
Dancei algumas solidões...
Me fiz mais forte, mais sábio, mais eu...
Sempre busquei respostas
Mas o que faltava em mim
Era justamente uma pergunta.
Quem sou eu?
Apesar de tudo ainda amo o teu sorriso
Apesar de tudo ainda me acalma a tua voz
Perto de te não sou o homem
Que sabe de estrelas e filósofos
Sou a penas um menino
Querendo um pouco de atenção...
Querendo brincar até mais tarde
As nossas velhas brincadeiras de amor.
Um amor tão puro e tão sacana
Quase um incesto...
Quase um pra sempre...
     Parece que foi ontem...     

domingo, 20 de outubro de 2013

POEMA EM PAZ 08/04/13


A paz que eu tanto quis  
Foi minha...
Quando eu aprendi 
A não querer.

Porque querer é busca 
E paz tem haver muito mais
Com flutuar...

Quem quer se apressa 
E pressa não tem nada 
Haver com paz...

Paz é quando o passo 
Deixa a pressa 
       E vira passeio...      

NAS MÃOS 13/05/2013


É fácil carregar 
Uma pedra e uma flor 
Em cada mão.
Porque as mãos são duas.

Eu uso a pedra 
Para me defender 
E a flor para enfeitar.
As vezes uso a pedra 
Para me erguer 
E a flor para arranhar.

Posso carregar as duas 
Porque as mãos são duas
Mas no coração 
Só cabe uma...

Então o que é mais útil
À um coração
         Uma pedra ou uma flor?       

POESIA SUJA 16/10/2013



Apesar da sujeira
Do lugar que a rodeava
A menina tinha 
Alma de poeta...
Ela preferia 
Brincar com os grilos
Do que com as baratas.
Pois as baratas 
Eram carrancudas
E silenciosas.
Enquanto os grilos 
Eram bailarinos 
   E seresteiros.    

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

MANHÃS E TARDES 30/05/13


Eu já vi nascer
Um milhão de manhãs
E todas elas tinham o teu cheiro
Impregnado na luz de cada dia...

Eu já vi morrer
Um milhão de fagulhas
Em cada entardecer
E todas elas
Tinham a fome do teu olhar
No escuro que se fazia inevitável...

Abrigo e espreita
Na mesma penumbra.

FARDO 27/09/13


Eu queria como vocês
Conseguir mentir descaradamente
Para mim mesmo
Para poder também
Inventar meu Deus...

O nada é um fardo
Muito pesado.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O AMOR DOS BICHOS 20/05/13


Os homens querem
Trancar o amor
Em poemas e canções
Em todo tipo de liturgia.

Querem eternizar o amor
Com o seus formóis artísticos.
Querem esvaziar 
O amor de sentido
E enche-lo de palavras
Com a sua taxidermia poética.

Deveríamos 
Aprender a amar
Com os bichos
Que deixam o amor
Onde deveria estar...

O amor não é pecado
O amor não é perdão
        O amor é apenas cio.          

IRONIAS 23/0713


  Não há como negar...
A beleza do choro
A paz da solidão
A dor do amor
O tédio da felicidade.

Não há como negar...
A resistência de quem sofre
A paciência de quem perde
A soberba de quem ganha.

Não há como negar 
A ironia que existe 
   No ato de respirar.     

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

UM VELÓRIO 27/08/13


Nosso amor morreu
Mas morreu em paz...
Morreu em um dia bonito
Sereno e cinza.
Era entardecer 
Quando nosso amor morreu.

Ele morreu de morte morrida 
E não de morte matada.
Morreu bem velhinho 
De tão velhinho 
Já era quase saudade.

Sim, nosso amor morreu...
Mas só morreu porque viveu.    
   

terça-feira, 30 de julho de 2013

ARANHAS POR DENTRO 23/07/13


Eu sou um homem lobo.
Não, não sou...
Lobos vivem em alcateias
São bichos sociáveis.
Eu sou mais como uma aranha
Negra, assustadora e solitária
Que tece teias
Num canto escuro
Silenciosa, venenosa e paciente.


PARA IR 01/05/13

Do oeste ou espaço
Sempre quisemos ir além...
Bandeirantes ou navegantes
Sempre quisemos desbravar...
Galaxias ou mulheres
Sempre quisemos profundidades...


Ir sempre será
O caminho mais sensato
Mesmo quando o caminho
For apenas devaneio.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

LÓGICA DESENCONTRADA 08/07/13


Acasos combinados.
Destinos desencontrados.
Como pode inferno e paraíso
Caberem no mesmo beijo?
Como pode tanta esperança
E tanta solidão
Abitarem a mesma mulher? 

OUTROS OLHOS 12/07/13


Toda escada é ponte
Para cima.
Todo olhar é piscina
Para dentro.
Todo peito é chama
Tão escura.
Toda cura é um pouco
Do veneno.

Todo sonho é uma forma
De despertar.
Todo despertar é uma forma
De espanto.
Todo espanto é uma forma
De nascimento.
Todo nascimento é uma forma
De dor.
Toda dor é uma forma
De alívio.

Todo homem é um pouco
Solidão.
Toda solidão é um pouco
Poesia.
Toda poesia é uma forma
De arranhão.

E o que não nos mata
Mais forte nos tornaria.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Reencontros 04/07/13


Dois viajantes passavam
Por um caminho
Que já tinham percorrido.
Um deles então falou:

- Não tinha notado que este caminho
era tão florido.

O outro respondeu:

- O caminho é o mesmo
é que da primeira vez
você não buscava flores.
O que mudou
Foi sua forma de ver o caminho.

Disso se conclui
Que reviver não é repetir
É ampliar.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

AMOR... 05/06/13


O que eu sinto
É segredo
Por ser insensato.
E por ser insensato
Tem que ficar guardado
Amordaçado
Em uma palavra não dita
Em um gesto contido.

O que eu sinto
É um sentimento desmedido
Que já levou homens destemidos
A perdição
E ao paraíso.

O que eu sinto
É impossível.
Pois é impossível
Ser todo e parte
No mesmo homem.

E eu não quero amar-te
Pela metade
Quero amar-te inteira
Até o ultimo
Fragmento de alma.

Por isso o que eu sinto
Tem que ser trancafiado
Na liturgia...
Elevado nas alturas
Mais cadentes
Enterrados nas profundidades
Mais ardias...

Pois o que eu sinto
Tem Deus e o Diabo
Na mesma chama.
Tem fome e gula
Na mesma boca.

O que eu sinto
Tem nome
   Mas não tem cura...
      AMOR...        

MOMENTO MOLDURA 03/07/13


Você se lembra quando passou indo embora
E me olhou com cara de fome
Cara de cão de padaria...
Então eu corri
Como quem vai chamar a parteira no sertão
Fui na sua casa no mesma instante
Seguindo o rastro do teu olhar armadilha...

Quando cheguei você ainda estava entrando em casa
Aí eu disse uma frase quase teatral
"Tenho um ônibus e uma garota que não posso perder. 
O que faço?"
Em seguida te dei um daqueles beijos quase asas
Os nossos beijos lembra?
Em que o tempo se transformava em paladar
E o mundo todo parecia Roma a incendiar...

Você fazia eu me sentir o Super Homem
O herói da ultima cena
Aquele que salva a mocinha, o dinheiro e a cidade
E ainda tem tempo para o close final
Capaz de fazer qualquer coisa
As mais difíceis
Até quem sabe fazer você feliz...

Hoje me sinto apenas sozinho...
Como uma calçada na madrugada
Uma porteira de estrada
Uma letra sem palavra...

Sozinho de amanhãs...


terça-feira, 25 de junho de 2013

ANTES FOSSE NUNCA 20/06/13


Tragado pelo tempo
Tocado pelo teu tato
Te guardo...
Em um lugar em mim
Em um tempo em mim
Em um infinito em mim
No inconsciente inalcançável
Te guardo...
Na lembrança que não lembro
Do beijo que não esqueço
Te guardo na saudade
Mais presente
Da mulher mais ausente
Que nunca tive
E que tanto amei.


BÓSON DE HIGGS


Nunca era um tempo
Antes do antes
Quando tudo
Não existia.

Maz se fez
Em seis dias
Ou em uma explosão
O átomo e a abstração.

O homem se expandiu
No vazio do antes nunca
E hoje eu sou este ser
Esta estrutura.

Genialidade e aberração
Na mesma criatura.


segunda-feira, 10 de junho de 2013

DEFINIÇÕES IMPRECISAS A RESPEITO DE UM HOMEM INCONSTANTE. 07/06/13


O prazer não me distrai
A dor não me paralisa.
Sei dos gostos
E dos gestos
E sei quem sou
Ainda que não saiba
O que sinto.
Ainda que esteja perdido
Eu sou o caminho
Ainda que o caminho
Não dê em lugar nenhum.
Sou só e multidão
No mesmo homem.
Das coisas que não sei
A mais certa é a que sinto

Amor...

SÁBIAS TOLICES 10/06/13


Venha e traga a sua ausência
Ornamentada por palavras
Que só você sabe dizer.

Venha e traga aquele tempo
Perdido entre os dias
Que só a gente soube viver.

Venha na sua nudez de gala
Quimera e prazer
Na mesma mulher.

Venha só para depois ir
Há uma certo prazer na despedida
Que só quem ama sabe entender.

Venha mais uma vez
Com seu prazer impossível
Com seu amor absurdo.

Só quem ama pode saber
O que há de tolo e heroico
Em esperar o intangível.


terça-feira, 28 de maio de 2013

UM HOMEM CANSADO 28/05/13


Só há cansaço e caminho
Nesses dias de um homem só
Nessas noites que são tão minhas
Companheira e solidão na mesma mulher...

Busco uma palavra
Que transforme dor em arte
Mas o vazio sempre será
Um espaço a ser preenchido.

Busco uma sombra
Nestas noites em claro e sem Sol
Mas eu já sou tão sombrio.

Busco então por mim mesmo
Muito mais importante
Que saber quem sou
É saber quem não fui.

Busco uma trégua
Nesta paz tão sozinha
Mas eu já sou tão covarde.

E tanto os versos
Quanto à escuridão
Sempre servirão
Para esconder lágrimas e tristezas
Quiçá homens inteiros
Na mesma penumbra
Na mesma penúria
De se saber homem.     

O corte está exposto
Revelando toda vida e toda morte
Que há em um homem
Libertando o sangue do corpo.
O corte está exposto
Mas o homem permanece escondido
Oculto na sua arte armadilha...

Este homem sou eu
Sou bifurcação...

Metade quer se revelar
Gestos e gostos...
Ser feliz é uma questão
De paladar...


Metade quer se esconder
Alturas e profundidades...
Ser feliz é uma questão
De equação... 


E a poesia serve apenas
Para não servir...

      

domingo, 26 de maio de 2013

POEMAS NO PARAÍSO 26/05/13


 Eu também acredito no paraíso...
Só que para entrar no meu paraíso
É preciso
Morder a maça.

Para entrar no meu paraíso
É preciso
Tirar a roupa
É preciso 
A pureza da nudez
E a simplicidade
Da penatração.

O paraíso
Não é um lugar
Para se chegar
É um sentimento
E é preciso se entregar...

O paraíso é um orgasmo
Sentido mais fundo... 
Lá, onde todo homem 
É abismo
E todo abismo 
É céu.