dimensões

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terça-feira, 30 de abril de 2013

Adiamento


Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...  
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,  
E assim será possível; mas hoje não...  
Não, hoje nada; hoje não posso.  
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,  
O sono da minha vida real, intercalado,  
O cansaço antecipado e infinito,  
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...  
Esta espécie de alma...  
Só depois de amanhã...  
Hoje quero preparar-me,  
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...  
Ele é que é decisivo.  
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...  
Amanhã é o dia dos planos.  
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;  
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...  
Tenho vontade de chorar,  
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...  
  
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.  
Só depois de amanhã...  
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a     semana.  
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...  
Depois de amanhã serei outro,  
A minha vida triunfar-se-á,  
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático  
Serão convocadas por um edital...  
Mas por um edital de amanhã...  
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...  
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?   
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,  
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...  
Antes, não...  
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.  
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.  
Só depois de amanhã...  
Tenho sono como o frio de um cão vadio.  
Tenho muito sono.  
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...  
Sim, talvez só depois de amanhã...  
  
O porvir...  
Sim, o porvir...

OBS: Geralmente só publico no blog poemas de minha autoria... 
mas esse poema simplesmente aconteceu...
ele entro na minha vida tão de repente... 
mas desde do primeiro instante senti que ele seria para vida toda... 
e realmente é... trago ele comigo sempre... 
todos os dias lembro dele... espero por ele... 
esse é o grande poema da minha vida.           

sexta-feira, 26 de abril de 2013

SUVENIR 26/04/13



Tudo que eu preciso
É de qualquer coisa
Uma dose de qualquer coisa
Qualquer coisa que seja impossível...

Sou um homem
Que precisa do impossível.
Sei que esse verso
Caiu no clichê!
Mas será que você entende
O que realmente
Eu quero dizer?

Preciso da escuridão
Para me escutar
Preciso do silêncio
Para me ver...
Mas pra ser feliz
Só preciso de você.
Outro clichê!!!

Mas sabe do que eu não preciso?
Eu não preciso da felicidade.
A felicidade pra mim
É só um suvenir.

terça-feira, 16 de abril de 2013

INTERESSANTE 1704/13



O que me interessa
É o que não cabe na pressa
Nem na prece
Nem no dia
Nem no homem
Que se despe de si
E se prima vera de poesia.

O que me interessa
É o que sobra ao entardecer
E passa despercebido
Aos olhos e aos ouvidos
Mas o tato enxerga
Com os olhos da pele
O único capaz de ver o amor
Em sua total plenitude
E entrega.

O que me interessa
É o segundo do instante
É o todo do tudo
É a estrela mais GIGANTE
E o quark diminuto
Dentro do próton
Dentro do átomo
Dentro da célula
Dentro de mim
Dentro do mundo
Girando a estrela...

O que me interessa
É a besteira do sorriso...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

TEORIA POÉTICA 01/04/13



Dizer que os poemas
Não tem que ser entendidos
E sim sentidos.
É uma visão
Um tanto poética
Da poesia...

Mas se não se puder
Ter uma visão poética
Da própria poesia
Onde mais caberá
Uma visão poética
    Na porra desse mundo? 

O HOMEM POSSÍVEL 01/04/13



Olhando daqui
Não sei dizer
Se foi ontem
Ou algumas centenas
De poemas em vão.

Mas houve
Um tempo ou um lugar...
Não sei se o lugar era eu
Não sei se o tempo
Era o meu...
Mas houve algo 
Entre a memória
E o delírio.

E se ainda lembro
Ou se nunca esqueço
O amor era mais um tanto
E nesse tempo destemperado
Eu era um homem mais possível...

...Possível de todos os sonhos.