Esta é a minha terra
O mundo da imaginação
Sou conterrâneo
De Lennon e Quintana.
Minha terra não é minha
Porque não é terra
Meu reino é muito mais nuvem
Do que terra
Fica flutuando
Como algo leve
Palavras sem compromisso.
Mas o que eu digo
Não é para enganar os homens
(talvez engane as mulheres)
O que eu digo
Está acima da verdade
E da mentira.
O que eu digo
Apenas denuncia
Outra possiblidade de realidade
Uma realidade mais simples.
Onde a ciência...
A religião...
E a filosofia...
Constituem um único monstro
De três cabeças.
E eu o enfrento
Com uma caneta em punho
E a palavra improvável
Que é mais afiada
Do que mil navalhas.
Pois eu sou o Dom Quixote
Dos novos tempos
E vim para salvar o mundo
De sua logica.
Sim, eu sou Dom Quixote
O louco, o tolo, o da triste figura
Mas sou melhor que vocês.
Pois todos vocês
São Sancho Pança...
Não são loucos o suficiente
Para terem seus próprios delírios
Precisam do delírio poema de Dom Quixote
Para serem um pouco mais do que homens.
Este é meu mundo
Que nem se quer
É um mundo
É apenas uma ideia
Imaginação...
Aqui sou rei e bobo.
E só me resta
Este delírio ilha
Como abrigo
Pois não caibo
Nem no mundo
Nem fora dele.
Fui expulso
Da república platônica
Pois sou poeta e minto...
E fui expulso
Do paraíso de Deus
Por ser curioso e faminto.
Não pude ficar no céu com Deus
(aquele arquiteto arrogante)
Nem pude ficar na terra
Com os homens sábios
Também arrogantes
(devem ter herdado a arrogância de seu criador).
Não quis também me misturar
Aos demônios
Estes são alegres e muito festivos
E convenhamos
Os poetas são tristes.
Então peguei
Um punhado de solidão
Misturei com palavras
E imaginação
E criei meu delírio ilha.
E hoje
Todos os loucos...
Bêbados...
Esquecidos...
Putas...
Abandonados...
Solitários...
Curiosos...
Abomináveis...
Tiranos...
Assassinos...
Imprestáveis...
(deixo até quem sabe
Deus e os filósofos
Entrarem se quiserem).
Hoje todos eles
Tem o abrigo
Da palavra e do delírio
Esta ilha que é
O melhor Lugar do mundo
Pois não fica no mundo
E nem é um lugar.