dimensões

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sábado, 30 de julho de 2011

ESCOLHA 30/07/11

 




Tudo passa
Absolutamente tudo.
E a vida ávida
Só dá duas possibilidades
Sentir saudade
Ou ser saudade...

A VERDADE 17/03/09




Se palavras fossem doce
Atrairiam formigas não amantes.
Se falar de amor fosse amar
Poeta não ficava só.
Se morrêssemos de solidão
Quem escreveria os poemas?
Se a verdade fosse fácil
A mentira não existiria
E sem a mentira 
A poesia seria estéril.  

CARTA ABERTA A TODOS OS HOMENS (Psicografada pelo espírito de Brás Cubas) 2009


Pobres homens
Loucos homens
Querem sempre ser
O que não são
Querem sempre ter
O que é tão vão.

Pobres homens
Meus irmãos
Levarão a vida inteira
Para descobrirem
Que são apenas homens.

São só homens
Homens pequenos.
No fundo
Quem sabe até
O veneno deste mundo.

Simples homens
Que tentam trabalhar
E se divertir.
Tentam se enganar
Tentam se iludir
Fingindo serem Deuses
Heróis ou mitos.
E para tanto
Usam como artificio
As armas e a arte.

Mas a finalidade
É a mesma
Só querem
Alimentar o desejo
De serem mais
Do que realmente são.

Mas eu não vou julga-los
Afinal a realidade não tem graça
E eles não passam de pobres primatas
E logo não serão nem isso.
Não terão inferno, nem paraíso
Serão esquecidos na imensidão
Do nada...

terça-feira, 26 de julho de 2011

SOU 23/07/11


Eu não sou homem
Não sou filósofo
Não sou poeta
Não sou pai
Marido ou filho.
Não sou trabalhador
Não sou brasileiro
Nem nordestino
Nem latino americano.

Eu não sou meu nome
Não sou meu RG ou CPF.
Eu não sou o que penso
Nem o que faço.
Eu não sou o dinheiro
Que guardo.
Não sou meu presente
Futuro ou passado.
Eu não sou pequeno
Nem sou grande.

Sou apenas este instante
    Que já não é...   

MAÇAS 24/07/11


Eu não entendo
A lógica das religiões
Quando estas afirmam
Que o desejo é pecado
E que o pecado
É coisa do Diabo.

Mas quem criou
Os desejos foi Deus
Foi deus que colocou
Cada desejo no homem.
O Diabo só quer sacia-los.

Foi deus
Quem criou o Éden
E lá colocou
A maça
O homem
  E a fome...

O Diabo apenas disse
Que as maças
Estavam maduras.

QUANDO DÓI 23/07/11

Todo mundo
Tem medo da dor.
Crianças tem medo
De dor de dente.
Adultos tem medo
De dor de amor.
Os velhos temem
A dor da morte.

Todo mundo
Tem medo da dor.
Menos os poetas
Que garimpam
Seus versos
Da dor da vida.

O MORTO 19/07/11


E no dia que ele morreu
Os astros no céu
Continuaram inabaláveis
Em suas elípticas
E a terra seguiu
Seu movimento
Quase mecânico
De rotação
Alternando dia e noite.

No dia que ele morreu
Muitas pessoas riram
E outras choraram
Na rotina das coisas
E das cidades.

No dia que ele morreu
      Eu senti fome, sede     
E outras coisas
Características
De minha fisiologia.

Em fim
No dia que ele morreu
A vida seguiu
Em seu movimento
Inexorável
De nascimento
E extinção.

No dia que ele morreu
Não foi trágico
Heroico, nem mesmo triste
(fez até sol).

No dia que ele morreu
Ele apenas cumpriu
A finalidade última
De sua natureza.

terça-feira, 19 de julho de 2011

LUGAR (verbo haver parte 1) 20/07/11


Houve alguém
Há muito tempo aqui
Que era luz...
Era Eva e éden
Era pessoa e lugar
Tudo em um só ser...
Trazia em um só gosto
Pecado e perdão...
E agora depois de ver tanta luz
Minha vida está sombria...
A cegueira... a escuridão
É o preço a pagar
Pra quem brinca
Com estrelas...

Galileu me entende...

ESPAÇO (verbo haver parte 2) 20/07/11




Houve um momento
Há muito tempo
Em que o mundo
Coube em mim
Ou fui eu que coube
No mundo...
Foi como se em teus braços
Estivesse condessado
Tudo... tudo...
És uma mulher Universo
E eu ainda ei de brincar
Com tuas galáxias. 

TEMPO (verbo haver parte 3) 20/07/11




Houve um tempo
Em que o tempo
Passava mais lento
Feito brisa no rosto.
Hoje ele arrasta tudo
Até as coisas mais solidas.
Hoje o tempo
É tempestade...


sábado, 16 de julho de 2011

CANÇÃO DO EXÍLIO DO SÉCULO XXI 17/07/11


Tem uma hora
Em que não adianta...
Sonhos, esperanças...
São tolices...

Quando o último
Esforço resulta em nada
Quando a última lágrima
Cai em vão.
Quando se chora
A noite toda
E mesmo assim
O dia não amanhece.

Não há caminhos...
Não há lições a aprender...
Não há luzes no fim do túnel...
Não há heróis em cavalos brancos...

Na vida só a dor é certa.
Na existência
Só o nada é permanente.
E raros são os momentos de prazer
Por isso nos agarramos
As pessoas, momentos, lembranças
Qualquer vício, qualquer vaidade
Qualquer migalha da alegria decadente
Dos out-doors...

Mas não adianta...
Tem uma hora que não adianta...
Nessa hora
Os corajosos usam pólvora
E os covardes palavras.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CORPO E ALMA 06/07/11


O poeta e o atleta
São iguais
Tudo é uma questão
De limite.

O atleta busca
O limite do corpo.
O poeta busca
O que não tem limite
Na alma.

CAMINHADA 06/07/11


O mais difícil
No adeus
Não é o fim
Que se apresenta.
É muito mais
O recomeço
Que o sucede.

É saber
Que é preciso caminhar
Buscar novas estradas.

O mais difícil
No adeus...
É saber que de fato
Não é o fim...

CUPIM 14/07/11


O amor é bicho
Por de mais teimoso
Que sempre volta
Mesmo que a gente
Não queira...

O amor começa a roer
De dentro pra fora
Queimando que nem fogueira...
Que quando o sujeito percebe
O estrago já tá feito
Remediar é besteira.
Tá tudo devorado
Consumido, acabado...

Assim é o amor
O amor que é bicho ruim...
O amor que não tem fim...
Quem morre é o hospedeiro...

      Esse amor é que nem cupim...    

quarta-feira, 13 de julho de 2011

DOLORIDO 14/07/11


É o movimento do Universo
Em expansão
Que se confunde
Com o movimento
De meus passos
Sem direção.

É o movimento
Dos teus olhos
Que me guiam
Sem que eu saiba
Se eles são
Faróis ou pedras.

Mas quem disse
Que dava para entender
O desejo?
Quem disse
Que desejar
Não era dolorido?

domingo, 10 de julho de 2011

POR NÃO TER 30/06/11

Não sei
Por que escrevo
Como não sei
Por que existo.

São coisas
Maiores do que eu
E que são minhas
Apenas por um breve
Instante...

A poesia...
E a existência...

A ILHA 09/05/11


Esta é a minha terra
O mundo da imaginação
Sou conterrâneo
De Lennon e Quintana.
Minha terra não é minha
Porque não é terra
Meu reino é muito mais nuvem
Do que terra
Fica flutuando
Como algo leve
Palavras sem compromisso.

Mas o que eu digo
Não é para enganar os homens
(talvez engane as mulheres)
O que eu digo
Está acima da verdade
E da mentira.
O que eu digo
Apenas denuncia
Outra possiblidade de realidade
Uma realidade mais simples.

Onde a ciência...
A religião...
E a filosofia...
Constituem um único monstro
De três cabeças.
E eu o enfrento
Com uma caneta em punho
E a palavra improvável
Que é mais afiada
Do que mil navalhas.

Pois eu sou o Dom Quixote
Dos novos tempos
E vim para salvar o mundo
De sua logica.

Sim, eu sou Dom Quixote
O louco, o tolo, o da triste figura
Mas sou melhor que vocês.
Pois todos vocês
São Sancho Pança...
Não são loucos o suficiente
Para terem seus próprios delírios
Precisam do delírio poema de Dom Quixote
Para serem um pouco mais do que homens.

Este é meu mundo
Que nem se quer
É um mundo
É apenas uma ideia
Imaginação...

Aqui sou rei e bobo.
E só me resta
Este delírio ilha
Como abrigo
Pois não caibo
Nem no mundo
Nem fora dele.

Fui expulso
Da república platônica
Pois sou poeta e minto...
E fui expulso
Do paraíso de Deus
Por ser curioso e faminto.

Não pude ficar no céu com Deus
(aquele arquiteto arrogante)
Nem pude ficar na terra
Com os homens sábios
Também arrogantes         
(devem ter herdado a arrogância de seu criador).
Não quis também me misturar
Aos demônios
Estes são alegres e muito festivos
E convenhamos
Os poetas são tristes.

Então peguei
Um punhado de solidão
Misturei com palavras
E imaginação
E criei meu delírio ilha.

E hoje
Todos os loucos...
Bêbados...
Esquecidos...
Putas...
Abandonados...
Solitários...
Curiosos...
Abomináveis...
Tiranos...
Assassinos...
Imprestáveis...
(deixo até quem sabe
Deus e os filósofos
Entrarem se quiserem).

Hoje todos eles
Tem o abrigo
Da palavra e do delírio
Esta ilha que é
O melhor Lugar do mundo
Pois não fica no mundo
E nem é um lugar.