dimensões

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sábado, 30 de abril de 2011

DE ASA E AMOR 29/04/11

Meu amor por ti
É o amor em si
É o amor em mim
Crescendo como feto.

O amor em si 
É meu amor por ti
Um amor que não precisa
De nada...
Nem passos, nem asas.
É um amor livre
Que não cabe no peito
Carinho, ou verso.

(E em que vasilha caberia o amor?)

Meu amor por ti
É o amor em si
Estático e veloz
Que não precisa
Nem mesmo de nós
Para existir... em mim.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

VELHA ESQUINA 29/04/11


Um sentido...
Nem sempre sentido
E o sempre se faz
Em retalhos de momentos
Em fragmentos de vida.

Um sentido que explique
O que não tem sentido...
Pra que tanta explicação?
Seria melhor só sentir...
Mas se não tem sentido
Só resta então a razão
Em seu movimento vão
De entendimento...

Um sentido...
Um simples sentido
Que explique
Esse simples sentimento
Sem sentido...

Mas pro sentir
Não precisa sentido
Basta sentir... sentir em si
Quem precisa
De sentido é a razão
Que não consegue sentir
Nada além
Que a insegurança
Da dúvida
E a frieza de uma certeza
Sem sentido
Sem imaginação.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

COM... SEM... 25/04/11

Não... isso não é amor
Isso é um poema
São apenas palavras.

O amor de verdade...
Ou a verdade do amor...
É feito de pele... lábios...
Tato...

As palavras... surgem
Quando falta o amor...
O poema é um eco
Do amor
Que não mais existe
Ou que não mais está...

O poema... é o que ainda
Me salva dessa loucura
Da ausência... da saudade
O poema me salva da loucura
Justamente por me dar
A loucura em doses
Controladas de palavras.

Isso é um poema
Amor é diferente...
Não se faz com caneta e papel
Se faz com pele e tesão.
Amor se faz com...
Poema se faz sem...

domingo, 24 de abril de 2011

REFLETIR 25/04/11



Somos iguais
Somos espelhos
Somos os mesmos...
Iguais... espelhos
Espelhos... iguais.

Por isso
Quando estamos assim
Juntos um frente ao outro
O pra sempre é um lugar
Que da pra chegar a pé.
O amor é fruta suculenta
Que se tira no pé
E se como com casca.
Os sonhos são vivos
Coisas que pegamos
Brincamos e deixamos
Que se vá... a voar
Insetos no jardim.

Somos espelhos
E um espelho
Frente a outro
Se reflete ao infinito...
O reflexo do pra sempre
A sombra da eternidade.

Olhos nos olhos
Castanhos... castanhos
Colorimos a eternidade...
Quem poderia supor
Que a cor do pra sempre
Seria castanho... ? 

MESMICE 25/04/11


Te amo... mesmo que me doa.
Te quero... mesmo que não possa.
Te tenho... mesmo que distante.
Te chamo... mesmo que não venha.

Sou eu... mesmo que não saiba...
És minha... mesmo que não queira...

Te sinto... mesmo que tão longe.
Te busco... mesmo que por dentro.
Te perco... mesmo sem ser posse.
Te digo... mesmo sem razão.

Te amo... mesmo... mesmo... mesmo...

sábado, 23 de abril de 2011

LOUÇA 24/04/11

Me diga qualquer coisa
Preciso de qualquer palavra
Seja vogal ou consoante
Seja coisa boba ou importante.

Qualquer balbuciar...
Pois a palavra
É tudo que restou
E o que eu ainda posso tocar.
Me diga qualquer palavra
Qualquer coisa
Pra me acariciar.

Camões ou Neruda
Coisa simples ou absurda.
Me  diga qualquer palavra
Ainda que seja adeus...
Só não me diga nada...
Porque nada é ausência...
E de ausência
Eu estou repleto... 
Repleto da sua
A me invadir...
Me preencher...
Me transbordar... 
Como um copo vazio
Que bem observou Gil
Está cheio de ar. 

SADISMO 23/04/11

Já não basta a vida
Que não quer.
Já não basta o tempo
Que não deixa.
Já não basta o sonho
Que não pode
À distância...
A peleja...

Você ainda diz não
Quando o sim
Era mais simples.

Já não basta o destino
Que não ajuda.
Já não basta o acaso
Que atrapalha.
Já não basta a noite
Que espalha
A tua ausência
Dentro de mim.

Você ainda diz não
Quando teus olhos
Queriam sim.

Já não basta o medo
De tanta coisa.
Já não basta a saudade
De tantas formas.

Você ainda diz não
Quando do sim já era hora.

Já não basta a falta
De resposta.   
Já não basta o desejo
Em carne viva.

Você ainda diz não
Como quem
Aprofunda o dedo
Suavemente
Na velha ferida.

SIM 23/04/11







Enquanto a tua ausência
Estiver aqui
É porque você
Ainda está em mim

 E eu continuo a sonhar
   Com o som do teu sim...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

MÚSICA 15/04/2011

Os outros amores
São fank...
Mexe com o corpo
Faz suar...
Melodia repleta de som
Barulho...

Nós somos Vivaldi...
Música pra dentro
Coisa de alma
Silêncio, quietude
Sinfonias repletas de pausas
Ausência... som...

Mas quando o som
Invade as pausas...
A música se faz forte
E soa tão alto
Que ecoa pelos séculos

Intensidade... plenitude... força...
... nos beijamos...

PERSPECTIVA 15/04/2011


A maioria das pessoas
Se amam sem roupas...
Nós nos amamos sem corpos
Por isso precisamos
De tantos adjetivos.

Nos amamos, mas...
Nos amamos mais...

E de certa forma
Somos um do outro
De forma incerta.

MIRAGEM 15/04/2011


Aqui estou... em nosso lugar
Que não está no espaço
E nem se quer é um lugar
Mas é nosso...

Um lugar sem entrada
Ou saída... apenas repetição...
Um lugar que às vezes
É o seu olhar
Outras vezes é o toque sutil
Da sua mão...

Um lugar metafísico
Entre a lembrança e a promessa
Um lugar... onde não há
Paredes, teto, ou chão...
Mas é discreto e íntimo
Como um desejo ou uma saudade...
É o nosso lugar... nosso ideal
Com vista pro pra sempre
E eternidades no quintal.

E eu dispo a sua alma...
E você também me despe
E me ver... límpido
Como lagrima...
Que floresce.

Esse é nosso lugar
Um lugar erguido
De poesias e canções...
De saudades e promessas.

E nesse lugar
Que não é lugar
Mais é nosso...
Sempre nos encontramos
Para nos amar
Sem corpos... e sem pressa.

sábado, 9 de abril de 2011

O começo e o fim 10/04/11



É como se de tanto dizer adeus
O adeus não existisse em nós...
E como a música
Que precisa da pausa
O nosso amor
Se refaz na ausência.
E quando nos encontramos
Os beijos são alívio...
Como a fome saciada pelo pão.
E quando nos deixamos
Há um desespero manso no ar
Como um todo que se desfaz.
Então tentamos nos agarrar
Na pele, nos beijos, na lembrança
Um do outro...

E seguimos estáticos um no outro
Como um djavú repetido
Quando passado e futuro
Se abraçam... criando o eterno retorno.
Como um disco arranhado
Repetindo a mesma frase ao infinito.
Seguimos separados e juntos
Sempre... “acabando o que não tem fim”.   

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O MITO DA CRIAÇÃO 08/04/2011


poesia é água. 
poeta é mão...
mão que se faz de concha
e bebe a água
e mata a sede
e lava o rosto
e vê o rosto
refletido na água
na palma da mão.

mas a água
tem que ser livre.
tentar prende-la
apertar a mão
fará escapa-la
entre os dedos.
ai a sede
tem que ser saciada
em outra mão
em outra água.

e assim nascem
os poetas
e os críticos.
 

sábado, 2 de abril de 2011

O NOIVO 29/03/11



Perceba que ela
Já sabe caminhar
Entre nuvens e palavras.
E no jardim ou no inferno
Das coisas ditas e escritas
Ela consegue furtar
A flor da poesia.
Flor por demais
Perfumada e bela
E nota-se que sem espinhos
Pois os espinhos ficaram
Cravados no poeta
Agricultor desta espécie
Lírica de flor.

Perceba que ela
Podia ser o que quisesse
Pois os grilhões do machismo
Não lhe alcançam.
Ela podia ter o que quisesse
Amantes, canções ou estrelas.
Mas tudo que ela quer
É ser sua...
Tudo que ela quer ter
É um filho...
Ela quer casar.

Perceba que eu também
Compreendo o seu medo.
Pois rara às vezes
A beleza e a inteligência
Se uniram em um mesmo corpo.
Estas duas Deusas (beleza e inteligência)
Há muito são antagonistas
E o encontro delas
É o mais perigoso
Fenômeno da natureza.
Pois tal fenômeno
Traz a forma mais cruel
Da beleza...
E a forma mais perigosa
Da inteligência...
Mas perigoso que isso
Só se a cobra coral
Recitasse sonetos de amor.

Por isso entendo
Sua indecisão...
Pois ela quer
Ser sua...
Ela quer casar...
Então indagas: O que fazer?
Como um homem deve amar
Uma criatura tão complexa
E prodigiosa?
E ao mesmo tempo
Como deixar de amar
Exemplar tão singular
De mulher?

O que posso dizer-te
É que para amar tal criatura
É necessário esforço heroico
Digno de epopeias...
É como tentar engarrafar o mar...
Ou guardar o sol em caixa de fósforos.

Agora meu amigo
Guardando no bolço
Os exageros poéticos.
Falo-te com a sinceridade
De um homem
E não com a mentira
Dos versos.
Para ama-la,
Como a qualquer
Outra mulher
É preciso simplicidade
E entrega.
Pois só assim
Se ama de verdade,
Completamente,
Sem medo ou orgulho.

QUESTÃO DE TEMPO... 02/04/11





Te amo em todo tempo
Te amo antes... depois... agora
Pra sempre... e nunca mais.

E assim te deixo...
Com esse amor
Que não pode ser
Justamente porque é...
Porque foi...
O que a gente
Sempre esperou
Que seria o amor...