dimensões

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domingo, 29 de maio de 2011

PRAIA 23/05/11

Caminho até a praia
Até o limite do chão
Onde caba o continente
E começa o oceano.
Onde a solidez da areia
Sede o lugar a vastidão
Inconstante do mar.
 É como estar
Ao teu lado...
Quando o que há
De seguro e solido
Em mim acaba
E começa a insensatez
Das tuas ondas.

sábado, 28 de maio de 2011

O corpo 17/04/2010



Parem de negar a vida
Aceitem o que vocês são
E vocês são corpo
A essência do homem
É o corpo.

A alma é pura abstração
Algo que nos ajuda
A suportar
A nossa pequinês
A alma é negação
Da realidade.

Admirem o corpo
Vivam pelo corpo
Não há nada mais pura que a nudez
O único deus é o corpo
E o único paraíso é o prazer.

“O resto é silêncio.”

domingo, 22 de maio de 2011

JANGADA 22/05/11



A palavra para mim
É como tábua de salvação
Jangada de náufrago
Objeto frágil, inseguro.
Mas é a única coisa solida
Que eu encontro para segurar
Em toda a imensidão de mim. 

ENTRANHAS 16/05/11


Fiz de cada poema
Um degrau
Não para chegar
No alto
Mas para alcançar
O fundo...
O mais fundo de mim
E achar meu eu.

Mas poemas
Não são degraus
Asas ou navalha
Poemas são apenas poemas
Não tem um fundamento
Além do que é...

Eu também
Não sou algo permanente
Escondido em mim mesmo
Esperando ser descoberto
Por alguma palavra
Ou algum olhar.

Eu sou puro movimento
Me desfaço
Depois me refaço
Me construo de mil pedaços
Não sou retrato
 Impassível ao tempo
Sou mosaico solto ao vento
Mudando de forma
Desmoronando me erguendo.

Sou aquilo
Que não é
Pois o que fui
É sempre diferente
Do que será.

Sou estrada sem fim...
Continente sem mapa...
Sou uma ilha cercada e nada
Por todos os lados
Dentro de mim.    
    

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PREMISSAS E CONCLUSÃO 13/05/11


As pessoas
Querem ser felizes
Para sempre.
Eu também quis.

Ser feliz pra sempre
Não dá certo
É um mito moderno
É simplória ilusão.

O problema
É a conclusão.
A maioria das pessoas
Concluem
Que ser feliz pra sempre
É impossível
Porque a felicidade
Não existe.

Eu acredito na felicidade
O que não existe
É o pra sempre.

PAZ 08/05/11

Te encontrar
Ou me encontra
Em você.
Te estar
Te habitar
Te ter
Ou te ser.

Estar do lado
É sair de dentro.
E a realidade
É combustível
Para novas abstrações
Lembranças... saudade.

Em dias assim... hoje...
É quando mais
Preciso te encontrar
Em uma esquina
Ou em uma canção
Voz... violão... lábios... olhar.

Sair de dentro
É estar do lado.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

AMOR I 12/05/11

Cabe muita coisa
Dentro do amor
Respeito...
Amizade...
Carinho...
Cumplicidade...
Sedução...
Erotismo...
Paixão...
Você...
Sinceridade...
Mentira...
Traição...
Ternura...
E por aí vai...
E por aí vamos...

Pra caber
Tanta coisa assim
Dentro do amor
Só há duas possibilidades.

Ou o amor é big bang
Pura condensação
Repleto do Universo

Ou é apenas
Uma caixa vazia...


AMOR II 12/05/11


... E como se mede
O amor?
Com as ondas
Do mar?
Com as estrelas
Do infinito?
Não... acho que o Roberto
Já fez isso.

Se mede em gramas
Quilômetros ou litros?
Em Celsius ou Fahrenheit?
Em versos ou em fatos?

Será que não há medida?
Uma escala... uma régua?
Acho que não sei medir
Esse amor de poeta.

Mas o amor real
O que te faz feliz
O que te faz mulher
O que te faz exausta...
Esse amor
Se mede em centímetros.

terça-feira, 10 de maio de 2011

PIPA 11/05/11



Alguns sonhos
São bem pesados
São aqueles que têm por aspiração
Alcançar a realidade.

Os sonhos bons
Os leves
São como pipas
São coloridos
E estão presos a nós
E ao concreto do chão
Apenas por uma fina linha.

Basta que esta linha se parta
E eles saem voando
E se perdem de nós.

Estes sonhos são bons
Porque são leves
E pertencem muito mais ao céu
Do que nós mesmos.

Estes sonhos são como pipas
Leves... coloridos...   
Eles nos fazem olhar para o céu
E por um instante
A felicidade sabe voar.

Os sonhos pesados
Aqueles que são mais obsessões
Eles negam a sua natureza
Pois querem a realidade
Das coisas concretas
A dura realidade do chão.

Os sonhos pipas
Estes ao contrário
Querem seguir
Sua natureza de pipa
Sua natureza de sonho
Voar o mais alto possível
Se perderem nas nuvens.

Os sonhos leves
Assim como as pipas
Não querem fazer
O homem voar
Levar o homem ao céu
Eles não são meio de transporte.

Os sonhos pipas
Muito mais
Do que levar
O homem ao céu
Eles Colocam o céu
Ao alcance do toque
Colocam o céu dentro do homem...
E assim sou feliz...

Não porque aprendi a voar
(eu não sei voar)
Mas porque hoje o céu
Caminha dentro de mim. 

domingo, 8 de maio de 2011

SELVA VIRGEM 09/05/11



És mulher
Demônio ou bussola?
E eu o que sou?
Homem ou lugar?

Acho que sou um lugar
Onde não sei chegar.
E você é bussola desnorteada
Que aponta sempre
A direção errada...

E é lá que eu estou
Ou melhor, onde eu fico
Pois eu sou lugar...
O teu lugar...
Um lugar perdido dentro de ti...
Pois por dentro
És mais selva
Do que mulher.

E eu não te encontro
Também não me encontro
Mas encontro a solução...

Fugiremos nus
Mão na mão
Para este lugar
Que sou eu
E que fica em ti.

E lá poderemos ser tudo
Deuses...
Demônios...
Filósofos...
Poetas...
E mais uma dúzia
De eteceteras.

E entre tantas possibilidades
Do que ser
E do que não ser
Seremos mais que tudo...
Seremos apenas felizes.



UMA QUESTÃO DE MEMORIA 08/05/11

Só te amo tanto assim
Porque sou muito esquecido.
Em teu olhar esqueci muitas coisas
O mundo...
O medo...
A culpa...
A dor...

Esqueci em ti
O que era eu...

... Eis o amor.  

sexta-feira, 6 de maio de 2011

RETICÊNCIA 06/05/11

Às vezes também
Me sinto assim... reticência
Então digo que te amo...
Então você diz
Que não pareço eu...

Como se você soubesse
Quem sou eu...
Como se eu soubesse
Quem sou eu...
Como se saber
Quem sou eu
Fizesse alguma diferença.

Às vezes me sinto assim...
Meio... reticência...
Se bem que me sinto bem mais
Exclamação ou interrogação.
Mas as vezes me sinto...
Também... reticência...

Como se faltasse
A palavra certa
Como se faltasse
Você do lado
Como se sobrasse
Vazio...
Um sentimento
De reticência...  

O MOVIMENTO DO CÉU 06/05/11

É orbita...
Ida e volta
Nunca te deixo
Sempre girando... girando
Seguindo a elíptica
As vezes longe
As vezes perto
É o movimento da vida
De tudo que habita o céu.

É orbita...
E eu que pensei que era amor... também é...
Mas é orbita...
O movimento
Que me afasta de te
É o mesmo que
Que me trará de volta.

Restam-nos aceitar a física
E seguirmos a nossa elíptica
As vezes preto
As vezes longe
... O destino das estrelas.

VAMPIRO 03/05/11

Com é possível
Meu mundo caber em tua boca
Teus lábios mancharem de batom
Os meus sonhos
Teus dentes cravarem
Em minha alma
Tantos desejos.

Como se diz por aí
Estou com “o coração na boca”
Mas é meu coração       
Em tua boca.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

FEIÚRA 05/05/11

O problema é essa bobagem que dizem por aí
De que o amor é eterno,
Isso é uma mentira, e como todas as outras mentiras do mundo
Só serve pra vender mais...
Vender mais novela, vender mais discos do Roberto.

As pessoas não percebem que o amor
É só uma ideia
E qualquer coisa mais...
Que mexe com os hormônios... ah!!! os hormônios!
Não falemos nos hormônios...

Mas como toda ideia, essa ideia de amor acaba
Ora! Se até o crânio guardião de todas as ideias
Chega a hora em que se acaba... fica oco.

Mas deixem-me enfeitar-me
Com os adornos da poesia...
Esta que é a forma mais bela
De não se dizer nada...

As pessoas não amam direito
Porque querem amar tudo...
Se o amor é fogo... amam até a ultima fagulha
Se é balsamo usam até a ultima gota...
E depois se odeiam...

Digo a todos os amantes:
Deixem um pouco de amor no fundo do pote...
Para que vocês possam se suportar
Quando o amor não for mais suficiente.

O amor sempre passa...
E o que fica é só agente... só.

Agora vão... e digam por aí
Que conheceram o pior poeta do mundo
O mais feio... o único poeta que não acredita no amor...
 
Como se fosse possível
O pássaro não acreditar
Na asa que o faz voar...