dimensões

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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A CHEGADA 31/01/13



O poema me chega
Tão suave e tranquilo
Como o vento que traz
A tempestade
Guardada em nuvens
Uma tempestade leve
E avassaladora...
Como o hálito quente
Do teu beijo
Com gosto de hortelã
E de pra sempre.

Venha
E me abrace forte
Até sufocar
Os meus medos...
Até eu mesmo
Ser apenas uma parte tua
Um órgão em tua fisiologia.

Venha
E me ame...
Com todo amor
Que houver em te
Me ame com a ideia
E com a vagina.

E o poema me chega
Me rasga,
Meu sangue jorra
Em negras palavras.

Então me salva...
Me tira de mim mesmo
Desta cratera de homem
Que sou...

Me socorre...
Porque eu te amo
E te preciso...
 Preciso de te para amanhecer.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O SUJEITO 26/01/13


E ele atravessou a porta
Com um buquê de flores de plástico
E um amor eterno cravado no peito
Coberto pelo seu paletó de linho azul.
Era uma figura desmembrada do tempo
Hábitos e gestos tão reacionários
Que já traziam em si algo de renovador.

  E assim com seu romantismo
Cafona e televisivo...
Ele era uma figura por completo artificial.
Com suas flores de plástico e eternas
Que só eram eternas
Porque era plástico e não flores.
E o seu amor igualmente eterno
Que só era eterno porque não era amor...
Era outro sentimento
Poético e fictício.

Pois o amor real
Nasce e morre
Dói e sangra
Fere e cura
Como tudo que é vivo...

O amor não pode ser eterno
Se for eterno não é amor
É outra coisa...
É Fantasia...
Delírio literário.

O amor real tem que pulsar...
Ele é tudo que é sangue.
Ele não pode ser composto
Somente de palavras
Visto que ele é muito mais
Silêncio e penetração.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

SOLIDÃO QUE SOU 21/01/2013



No fim das contas
Então eu percebi
A proporção
De minha própria solidão.

Sempre fui só eu
Em busca de mim mesmo
De algo que me explicasse
Para mim...

Busquei em palavras
Em verdades vendidas
E compradas
Em amores passageiros
E eternos...

Mas foi só quando perdi
O medo do escuro
Que pude em fim
Enxergar a escuridão
De tudo que era eu
A interrogação
De tudo que era mundo.

Foi então que cheguei
A conclusão
Que eu sou um homem simples...
Simplesmente sem explicação...

sábado, 19 de janeiro de 2013

O HOMEM IDEAL 14/01/2013



Sei que na minha
Condição de lembrança
Não posso eu
Cobrar-te muita atenção.
Visto que se quer existo
Sou um vulto do teu passado
Sou alguém que já passou.

Então como posso
Cobra-te se quer um carinho
Se meu corpo nem existe
Não passo de uma ideia
Um fetiche, um fantoche
Na tua mente
Inquieta e sonhadora.

Mas se tenho alguma serventia
É distrair-te dos monótonos dias
Brincando na tua ideia
Cafona e doentia
De um amor perfeito
E inalcançável.

Desta forma
Nessa condição sem forma
Não posso eu suplicar-te
Ao menos uma palavra.
Pois é sabido das ciências
Que o som
Não se propaga no vácuo.

E é justamente o vácuo
Que preenche os espaços
Entre nós...
Entre uma mulher que não é
E um homem que já foi.

Mas, no entanto
Como a dor escondida no sorriso
Ou a alegria transbordada no pranto.
Suplico-te: Pensa em mim.
Ao menos um segundo por dia
Me deixes existir
Nem que seja nesta ideia
Vazia de qualquer possibilidade.
E assim seremos felizes
Neste dia perdido do tempo
Que nunca irá existir.
Neste lugar soprado ao vento
Que nunca se materializará pó
Será apenas poesia...

Mas lá estaremos
Transbordando em nós mesmos
Toda a risada do inexistente.  

SENTIMENTOS SILENCIOSOS 17/01/2013



O ruim do poema
É que ele só pode ser feito
Com palavras...
E tudo que eu sinto
Às vezes é silêncio.

O silêncio da tua ausência
Misturado com o silêncio
Do meu amor
Que tem que ser impronunciável.
Misturado com o silêncio de um carinho...
Que se perde
No tempo silencioso
Das coisas idas.

E aqui estou eu outra vez
Enchendo de palavras
Sentimentos silenciosos.

Talvez a palavra certa
Para traduzir tanta coisa
Que não é
Não seja uma palavra
Propriamente dita
Seja apenas um gesto
Que não cabe no papel
E nem nas nossas vidas.
No mais fico com o silêncio
Das reticencias
Um silêncio repleto
De palavras que ainda não são
...

BILHÕES E BILHÕES 17/01/13



O nosso amor não é nada
Não significa nada
É muito... Muito pequeno.

O tamanho do universo
É 78 bilhões de anos luz
Bilhões de galáxias
Bilhões de estrelas
Bilhões de bilhões.

E eu achando meu amor imenso!
Esse simples sentimento
Confuso e amontoado
No meu peito de primata
Um ser pequeno e imperfeito
Que logo, logo será nada
Apenas poeira sob o Sol.

Agora que eu sei
Dos bilhões e bilhões
De galáxias.
Agora que eu sei
Das proporções
E porcentagens.

Sei também
Que por menor que seja
Este imenso amor
Que tenho em mim
Sei que é amor
Sempre soube...
Nunca duvidei...
Só sei...
Sei por que sinto.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

SIMPLES 17/01/13





A felicidade é igual chão... 
ele pode ser 
seco ou florido 
depende de quem o cultiva. 
A beleza do jardim
depende do jardineiro. 
No fim você verá 
Que toda felicidade do mundo

sempre esteve e estará 
dentro de você.

domingo, 13 de janeiro de 2013

OS CHATOS 13/01/2013



Um adeus...
Uma chegada...
Seguir é preciso
Mais é impossível
Seguir em frente
Sem deixar pegadas.

E ela foi andando
Seus próprios caminhos
Menina e mulher
No mesmo vestido...
Mulher e menina
No mesmo sorriso...

Espero que um dia
Ela saiba
Que o melhor da vida
É não saber
O melhor é sentir...

E que ela aprenda
Que perder
Não é tão amargo...
Afinal só se pode perder
O que um dia foi conquistado.

Espero que ela
Nunca deixe de brincar.
E nunca esqueça
Que o melhor sorriso
É aquele que se dá
Sem motivo...
Porque a felicidade
É algo muito simples...
Simples como um beijo
Um abraço
Simples como acordar.
Nós é que somos complicados
Inventando mil artifícios
Para amar.

Ah! E por falar em amar
Tomara que ela não esqueça
Que por mais
Que tentem complicar
Com frases
Livros
Teorias
Poesias
E filosofias...
O amor é livre
Ele apenas acontece.
Não se pode vigiar o amor
Entender
Controlar
Punir.

O amor é para sentir
Ele apenas acontece
Nasce e cresse no coração
Movimento
Involuntário e vital
Tal qual a respiração.

sábado, 5 de janeiro de 2013

POEMA DE DESAMOR 06/01/2013



Então tá cominado
Vamos deixar ser como é
Apenas seguir...
Como tudo que pulsa e vive
Decadência e fim.

Apenas vá
Sem rastro
Como algo impalpável
Vapor... Vulto... Vazio.

Então este é o trato
Não deixe nada
Não leve nada.
Apenas seja
Enquanto puder
Enquanto houver
O que ser...

E assim seja
E assim siga
Não tente se agarrar
Neste sentimento
Nem na lembrança
Deste sentimento
Que por se só já é ausência.

Pois a lembrança
Sempre é vazia
Ainda que esteja
Repleta de teus olhos
E de teus gestos.

O único gosto
Nas andanças da lembrança
É o vazio de tudo que é passado
A desesperança de tudo que é perdido.

O passado é a morte do abstrato...        
É uma coisa morta dentro de uma coisa viva
Como um feto morto dentro da barriga da mãe
Que ainda o espera.
Como hoje a tua lembrança
Dentro de mim.  

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

CONDENADOS 09/12/12



E agora o que sobrou?
A pegada que sou
Na distância que és.

E agora o que sobrou?
Temos um ao outro
Como conforto
Para o cotidiano
Coletivo e enlouquecedor.

E agora o que sobrou?
És a ultima fantasia
Na agonia de não saber mais
De não sentir mais
Quem sou.

E agora o que sobrou?
Além de distâncias
E lembranças...
Paraíso e castigo
No mesmo sentimento.

E quem de nós
Iria supor
Que essa falta
Quase fome
Seria o próprio amor?

FONES DE OUVIDO 14/10/12



E o mundo
Tenta entrar
Insistentemente.
Ultrapassar
A barreira
Dos meus fones
De ouvido.

E o mundo
Tenta entrar
Com seus ruídos
E notícias...
Mas eu resisto
Firmemente
Em meu mundinho
De som e solidão.

Oscilo entre o abismo
E a ilha...

Sou um abismo de mim mesmo.
Caiu sempre em minhas profundidades
Vazias de luz...
A queda e a liberdade
No mesmo salto.

E quando sou ilha.
Sou uma ilha de você
Cercada de mim
Por todos os lados.