dimensões

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sábado, 19 de janeiro de 2013

O HOMEM IDEAL 14/01/2013



Sei que na minha
Condição de lembrança
Não posso eu
Cobrar-te muita atenção.
Visto que se quer existo
Sou um vulto do teu passado
Sou alguém que já passou.

Então como posso
Cobra-te se quer um carinho
Se meu corpo nem existe
Não passo de uma ideia
Um fetiche, um fantoche
Na tua mente
Inquieta e sonhadora.

Mas se tenho alguma serventia
É distrair-te dos monótonos dias
Brincando na tua ideia
Cafona e doentia
De um amor perfeito
E inalcançável.

Desta forma
Nessa condição sem forma
Não posso eu suplicar-te
Ao menos uma palavra.
Pois é sabido das ciências
Que o som
Não se propaga no vácuo.

E é justamente o vácuo
Que preenche os espaços
Entre nós...
Entre uma mulher que não é
E um homem que já foi.

Mas, no entanto
Como a dor escondida no sorriso
Ou a alegria transbordada no pranto.
Suplico-te: Pensa em mim.
Ao menos um segundo por dia
Me deixes existir
Nem que seja nesta ideia
Vazia de qualquer possibilidade.
E assim seremos felizes
Neste dia perdido do tempo
Que nunca irá existir.
Neste lugar soprado ao vento
Que nunca se materializará pó
Será apenas poesia...

Mas lá estaremos
Transbordando em nós mesmos
Toda a risada do inexistente.  

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