dimensões

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sábado, 28 de julho de 2012

Solilóquios II 30/07/08



Ontem eu vi um homem
Tão nobre e sensível
Ele entendia de sonetos de amor
E de tratados de política
Ele me disse tanto
Que me fez enxergar
As coisas boas da vida
Me fez acreditar
De novo nas pessoas
Me fez acreditar  
Até em mim mesmo.

Ontem também encontrei
Um menino
Este parecia nervoso
E assustado
Não sabia o que fazer direito
Com seus caminhos
Não sabia se crescia ou se permanecia
A mesma criança
Assustada com o futuro.
Afinal para que crescer
Se viver é tão perigoso
E sonhar não dói nada?

Ontem também encontrei
Uma mulher abandonada
Esta era frágil e delicada
Mas a sua força era poderosa
Pois ela tinha em si
A capacidade de fazer surgir
Reis, soldados ou tiranos
Ela tinha o poder da criação
Ela tinha o dom da criatividade
Ela tinha guardada em seu útero
Toda a humanidade.

Depois disso chorei
Até minha alma ficar alva
E meus olhos vermelhos
Pois compreendi que os três
Homem, menino e mulher
Que eram tão complexos
Na verdade era só meu reflexo
No espelho.

O homem tão sábio e seguro
Era o que em mim havia de tolo
Pois só os tolos acreditam
Que são sábios.

O menino indeciso e assustado
Perdido em seus caminhos
Era o que em mim se fez filósofo 
E tudo que ele sabia era duvidar
E tudo que ele duvidava
Tornava em saber
Mas no fundo ele sabia
Que ninguém conseguiria saber
Além de si mesmo.

E a mulher que era frágil
E por ser tão frágil era poderosa
Aquela mulher mãe de toda vida
Que podia criar homens e mundos
Dentro da sua barriga.
Aquela mulher em mim
É a parte que se faz poeta
Pois ela como o poeta
É criadora de horrores e de beleza
Só que ela cria com o útero
E o poeta com a cabeça.

Pois todo poeta tem um parte mulher
É aí a origem de sua doçura
É aí onde si unem a navalha e o veludo
E é nessa mistura que o poeta si completa
Pois a aspereza do espinho
Faz parte da mesma flor
Em que está a delicadeza da pétala.

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