Tantos corpos
Uma outra cor
Mas o que nos uni
É bem mais que os elos
Da corrente que atrela
O escrevo ao senhor.
Somos filhos
Do mesmo continente
Sangramos o mesmo sangue
Sofremos a mesma dor.
O que nos diferi
É muito mais os instrumentos
Do que a própria cor.
Minhas mãos são negras
As suas brancas...
Nas minhas estão
As correntes
Nas suas o açoite.
Será que ninguém aprendeu
Liberdade não tem cor
Humilhação não tem cura
Deixa apenas
Marcas indeléveis
Como a chibata
Na pele escura.
E o sangue destas feridas
Escorreu pela história
E manchou a humanidade inteira.
E para tirar as marcas deste
sangue
Sangue inocente...
Talvez só a passagem
Só a lavagem
De alguns séculos...
E séculos...
E séculos...
Amém.
E depois de tanta escravidão
Houve uma transformação dos
adjetivos
Agora somos sim diferentes
Mas por outros motivos.
Depois de tanto apanhar
E de ver meu povo cativo
Humilhado e cuspido
Entregue a própria sorte.
Afirmo, somos sim diferentes:
Não és mais branco és sujo
Não sou mais negro...
Sou forte.
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